meteoritos
A QUÍMICA DO C
Antes de colidirem com a superfície terrestre, os meteoritos perambularam por vastas regiões do espaço, carregando consigo inumeráveis segredos sobre a formação do sistema solar. Muitas dessas rochas primitivas, com idades que chegam a bilhões de anos, retêm em sua estrutura a ‘memória’ química de tempos em que o Sol, os planetas e todos os outros corpos celestes ainda se formavam a partir de um aglomerado de gás e poeira.
Extrair desses mensageiros do cosmo a informação para entender a evolução da galáxia é o papel da chamada cosmoquímica, uma área multidisciplinar que interage com a astrofísica, física, astrobiologia e geologia, para desvendar os principais momentos de uma história que começou muitas vezes a ser delineada nos primórdios do universo, quando as estrelas começavam a nascer.
María Eugenia Varela
Complexo Astronômico El Leoncito
(San Juan, Argentina)
Parte (com 4 cm) da superfície polida do palasito Esquel
18 • CIÊNCIA HOJE • vol . 40 • nº 237
COSMOQUÍMICA
OSMO
Segredo revelado pelos meteoritos MUSEU DE VIENA
O que é a cosmoquímica? O que podemos aprender com o estudo dos meteoritos, essas rochas espaciais primitivas, tão antigas quanto o próprio sistema solar?
Respondendo à primeira pergunta, apresentamos aqui o que talvez seja a mais bela definição de cosmoquímica, dada pelo pesquisador norte-americano
Donald Clayton, ainda em 1982: “É a ciência que mede as propriedades da evolução química da galáxia, mediante o estudo de meteoritos nos laboratórios terrestres.”
Para compreender essa definição, devemos considerar os meteoritos como o produto final de diversos objetos que, por sua vez, foram capazes de guardar em suas ‘memórias’ diferentes momentos da história que levou à formação do sistema solar. Porém, o importante – pois isso é a base da cosmoquímica
– é que a transformação química pela qual passou o sistema solar não apaga a ‘memória’ das condições
químicas