Mestre em ciências da religião
Prof. MS. Márcio Pereira de Souza (2013)
INTRODUÇÃO Este artigo pretende apresentar uma abordagem histórica da inserção protestante no Brasil, bem como o processo de consolidação de uma espiritualidade estrangeira, fruto do movimento de imigração pelo qual o Brasil passou a partir do século dezenove. Valendo-se dos instrumentos da análise de discurso para explicar as práticas dos seus principais protagonistas, o texto lança luz à produção teológica levada a efeito pelas diversas instituições protestantes que se estabeleceram no Brasil neste período. Esses atores, considerados como sujeitos reprodutores ou porta vozes de suas organizações. Para tanto, utilizando o conceito sujeito retor de Halliday (1988), e o conceito linguagem autorizada de Pierre Bourdieu (1992). Para Bourdieu os sacerdotes, professores ou qualquer representante de instituição, têm características linguísticas estilizadas, que derivam da posição ocupada. Creio que isto se aplica aos sujeitos históricos implícitos em nossos estudos sobre essa religiosidade peculiar brasileira. O sujeito também é o sujeito autônomo na expressão de suas ideias, uma vez que nem sempre a palavra escrita ou falada, bem como a sua atuação, são aquelas esperadas pela instituição. O protestantismo, por sua herança reformada – o livre exame das Escrituras - e consequentemente, livre interpretação, propicia essa situação. O sujeito representante, que fala em nome da instituição, reproduz o discurso autorizado, pratica aquilo que Bourdieu (1992, p. 86) chama de operações sociais de nomeação: todo agente social aspira, na medida de seus meios, a este poder de nomear e de constituir o mundo nomeando-o: mexericos, calúnias, maledicências, insultos, elogios, acusações, críticas, polêmicas, louvações, são apenas a moeda cotidiana dos atos solenes e coletivos de nomeação, celebrações ou