Mercantilização de centros históricos na era das cidades globais – práticas na cidade do rio de janeiro
RESUMO
A preservação do patrimônio histórico material e imaterial tem adquirido cada vez mais importância no Brasil relacionado especialmente a uma dinâmica ligada à mercantilização e turistificação dos espaços. No que tange a cidade do Rio de Janeiro este processo pode ser observado de forma mais acentuada na área central e nos seus arredores, seja através da preservação gerada pelo tombamento realizado pelos órgãos públicos cabíveis, como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, seja pelo abandono que confere a cristalização das formas de modo não institucional. Na última década a valorização destes bens na zona portuária da cidade por grupos em sua maioria privados tem alterado a dinâmica espacial e o cotidiano dos citadinos, apropriando-se das formas, mas conferindo-lhes novas funções.
Palavras-chave: Mercantilização; refuncionalização; patrimônio; cidade do Rio de Janeiro.
Introdução
A cidade do Rio de Janeiro configura-se como uma das mais antigas do país tendo sido fundada no ano de 1565. Seu crescimento inicial foi lento e gradual devido aos entraves físicos que o terreno alagadiço e pantanoso conferia aos habitantes. Após a descida dos morros para o que atualmente se apresenta como o núcleo central, a cidade espraiou-se no sentido zona sul e zona norte. No entanto a atual zona portuária da cidade, que abrange os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo, mesmo que estivesse contígua ao núcleo central não apresentou o mesmo processo de crescimento devido ao litoral estreito e comprimido entre a baía e os morros, além da presença das chácaras que produziam alimentos para abastecer a cidade. Até nos dois primeiros séculos após a fundação da cidade as atividades portuárias ocorriam