MENINOS DO PADIM
“Tinha erva pelo mato, Muita fé no coração
Pois isso já lhe bastava, Ao bom padre Cícero Romão
Muito doente sarou, Só de ouvir a pregação
Pelos conselhos o padre, Não cobrava nem tostão”
In Gilberto Gil - Testamento do padre Cícero
Era próximo a finados e lá estava eu caminhando já no final da rua São Pedro. Parecia estar sendo seguido por uma multidão, mas em outros momentos me sentia estar perseguindo aquele mesmo montão de gente. Cores e suores, era contagiante essa romaria danada!
Aquela visita que iria me tomar uns dias foi uma aventura inexplicável para as entranhas da crença, entusiasmo, dedicação, muitos sacrifícios, entre outras artimanhas de gente vinda de todos os cantos e até de outros estados. Tudo por Padim Ciço. Tentar descrever é ameaçar empobrecer os fatos, é causa digna para literatos, coisa que não sou.
Mas, caminhando cheguei num grande jardim. Lotada de gente, falas e conversas, orações e canções, comidas e bebidas para saciar carências do corpo; enfim lá estava eu nesta mistura mística. Apoiado numa árvore, relaxando um pouco eis que um garoto, com seus 13 ou 14 anos me aborda. Disse que se chamava Tarcísio, em homenagem ao avô, o melhor fazedor de pamonha do Cariri.
Todo uniformizado, com um sorriso que abrandava o calor, logo foi solicitando licença para expor seus serviços. Aquele sotaque gostoso se misturou com o meu de paulista caipira e fui sendo cativado pelas falas, informações e dicas do que poderia ‘curtir’ em Juazeiro do Norte.
Creio que conversamos meia hora, mais ele falando e eu ouvindo encantado. Ah! Depois de algum tempo não agüentei. Pedi licença para algumas perguntas, diante de tantas curiosidades que ouvia. Tarcísio respondia tudo com clareza e muita objetividade. Garoto seguro do que falava.
Qualificou-se como ‘Monitor de Turismo’ contando sobre as suas tarefas e missões. Fazia parte de um programa educativo-cultural de adolescentes, mais de 500, de ambos os sexos que há quatro anos