Memória Postumas de Brás Cubas
Memórias Póstumas
Brás Cubas
de
Machado de Assis
2
Silencio. Narrador:
Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver, dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas.
Sequência 1 -Fundo Neutro.
O FANTASMA DE BRÁS, num fundo neutro.
-FANTASMA
Antes de começarmos a história, é importante prestarmos um esclarecimento ao público. Este não é uma obra tradicional. É uma história que comporta alguma liberdade. Foi filmada com o espírito da piada, mas o sentimento da tristeza. Não tem um mocinho contra um vilão, nem monstros ou maremotos.
Também não de grande profundidade intelectual e quem quiser alguma teoria filosófica poderá ficar frustrado. Assim corro o risco de não agradar ao espectador que só deseja diversão nem ao que deseja pensamentos profundos.
Mas se ainda tenho a chance de conquistar a você espectador, a melhor maneira é não explicar muita coisa. Por isso mesmo não importa como eu, um morto, estou contando esta história aqui do outro mundo: a explicação seria muito longa e desnecessária ao entendimento da história. O que importa é que você, espectador, já está assistindo e agora é tarde para se arrepender.
Letreiro:
MEMÓRIAS PÓSTUMAS
Sequência 2 -dia- CEN.Cemitério. SON.Barulho de Chuva
(1869)
{[Dia chuvoso. Brás Cubas dentro de um caixão.
Fecham o caixão e começa a sair com umas 5 pessoas acompanhando, guardachuvas abertos. Vemos o rosto de Brás dentro do caixão.]}
-FANTASMA (entra em cena andando e falando, para e olha para a cena que acontece) (Off) Algum tempo pensei se a história deveria começar pelo começo ou pelo fim, isto é, se eu contaria antes o meu nascimento ou a minha morte.
{[Anda mais um pouco com o caixão sendo carregado. VIRGÍLIA tem que ter destaque nesse momento .}]
3
{[O caixão é colocado no chão]}
-FANTASMA (Parado atrás do caixão olhando para a cena)
(Off) Normalmente se começa a contar uma história pelo nascimento, mas eu resolvi fazer o contrário por