Memória de minhas putas tristes
Quem conhece a literatura do colombiano Gabriel García Márquez - também conhecido como Gabito - já faz ideia da pomposa linguagem e narrativa desta história, mas talvez não tenha a mínima noção do que ela conta, principalmente se se basear no título do livro. Aliás, o título à primeira vista, pelo menos para mim, sugeriu uma literatura erótica, e era o que eu esperava da história antes de ler a sinopse, e em se tratando de resumo da história, não há melhor que o seguinte trecho:
"No ano de meus noventa anos quis me dar de presente uma noite de amor louco com uma adolescente virgem. Lembrei de Rosa Cabarcas, a dona de uma casa clandestina que costumava avisar aos seus bons clientes quando tinha alguma novidade disponível. Nunca sucumbi a essa nem a nenhuma de suas muitas tentações obscenas, mas ela não acreditava na pureza de meus princípios. Também a moral é uma questão de tempo, dizia com sorriso maligno, você vai ver."
A partir deste primeiro parágrafo a minha expectativa foi de encontrar um tipo de Humbert Humbert e sua Lolita, ou talvez pior, porque eu simplesmente não me atentei a este "mas ela não acreditava na pureza dos meus princípios", e nesse sentido adorei estar errada em minhas suposições para me deparar com um romance, que em suma, é a história de um primeiro amor, e o melhor de tudo, um amor correspondido.
Romance colombiano - 127 pgns
Editora Record
Ganhador do prêmio Nobel de Literatura, depois de uma lacuna de mais de 10 anos sem compôr um romance, Gabito surpreende até o mais presunçoso dos críticos literários com "Memória de Minhas Putas Tristes", escrito e lançado em 2004 e sem dúvida alguma merecedor de tal prêmio.
Não é nada difícil conhecermos o nosso protagonista e entendermos o porquê de ele, numa idade tão avançada, se dar ao luxo de desfrutar de uma virgem de 14 anos, o ancião sempre foi um solteirão solitário, que em quase um século de