Memória Coletiva e História Científica - Norberto L. Guarinello
- Historiador de antiguidade clássica (mais especificamente história romana) e arqueólogo, Norberto Luiz Guarinello relata suas experiências nos campos em que atua.
Como arqueólogo, viu que a memória que produzimos e frágil e seletiva, tendo em vista que o arqueólogo é obrigado a destruir sítios arqueológicos , para escavá-los e preserva-los como documento. E, o que foi deixado passar perdeu-se para sempre.
“Minha atividade como arqueólogo, por exemplo, colocou-me frente a frente com as fraquezas da memória, com os esquecimentos forçados pelos acasos da preservação, com a consciência do muito que não pode ser lembrado, porque não sobreviveu.” (p.180)
“Para os arqueólogos, memória e esquecimento são os dois produtos inseparáveis de seu próprio trabalho.” (p.180)
- Como historiador da antiguidade, teve contato com uma tradição multimilenar de transmissão do conhecimento histórico, onde a memória é poderosa e resistente. Tradição que, segundo ele, se enriqueceu e se encorpou desde Homero.
As próprias circunstâncias profissionais de Guarinello o levaram a uma reflexão sobre força e fraqueza da memória, lembrança e esquecimento.
“(...)minhas próprias circunstâncias profissionais me levaram a refletir sobre os problemas da memória, sua complexidade, suas contradições, sobre o modo como a história que pratico se insere no conjunto da produção social de memórias.” (p.180-181)
- Guarinello não considera que historiadores detenham qualquer monopólio natural sobre memória, e apenas eles possuam legitimidade para falar, pensar, e produzir memórias para a sociedade. Considera que a produção historiográfica é apenas um pequeno segmento da memória coletiva, um segmento que na verdade possui uma esfera de atuação e uma influência social relativamente limitadas. As relações entre memória e história não se restringem a uma