Memorização e decoreba
Wagner Pina Stoffel - 2003*
Beba magnésio cá, senhor Bará. Vinte anos se passaram e o mnemônico ainda me ajuda a recordar os alcalinos terrosos da tabela periódica: belírio, magnésio, cálcio, estrôncio, bário e rádio. Só não esperem, por favor, que eu saiba explicar -lhes o que são alcalinos terrosos, por que recebem esse nome, quais as suas características ou o seu emprego. Isso, eu jamais soube.
Não é intenção deste artigo, e se fosse seria profundamente injusta, lançar pedras sobre o ensino ministrado no passado. Mas, devemos admitir, dentre as muitas características do processo de ensino que vivenciamos, muitas delas positivas, esta era uma forte característica, e certamente negativa: a valorização da memor ização pela simples memorização. Decorar para reproduzir conteúdos, de maneira acrítica, descontextualizada, praticamente autômata. A essa prática de aprendizagem, quase inócua se considerarmos os objetivos de crescimento do indivíduo e aplicação do conhec imento adquirido, destinou-se a alcunha decoreba.
Ao longo dos anos, os estudiosos da educação e os responsáveis por sua condução perceberam a importância de um ensino contextualizado, com ampla discussão e participação efetiva do discente em seu processo de aprendizagem. Não havia mais espaço para a decoreba. O acesso às informações, facilitado pela expansão e pluralização dos meios de comunicação, exigia do indivíduo, particularmente do profissional, a habilidade de selecionar os conteúdos significativos e utilizá-los em prol da melhor consecução dos objetivos colimados. Acumular informações e conhecimento passou a ser considerada, por muitos, função exclusiva do computador. Tal postura exigia uma grande mudança de paradigmas e, nesse sentido, a decoreba sofreu ferrenho ataque por parcela significativa dos educadores. O Exército Brasileiro, visando a manter o tradicional nível de qualidade de sua educação, alinhou-se a essas novas