Memorial
Nasci em Paranaíba(MS), no ano de 1973, cidade na qual permaneci somente três meses. Filha de trabalhadores da terra, meu pai, oriundo de Minas Gerais e minha mãe, do estado de Mato Grosso, sempre buscaram tirar seu sustento sendo meeiros em plantações de arroz, milho, feijão, j[a que a condição de alfabetizados não lhes abriam portas de emprego melhor.
Morando de fazenda em fazenda, que muitas vezes não tinha uma escola para frequentar, aprendi a ler sozinha, observando meus irmãos e usando seus livros para aprimorar meu conhecimento.
Um belo dia, meus pais resolveram se mudar para a cidade e foi aí que comecei a estudar, entre sete e oito anos, em uma época que era difícil manter quatro filhos na escola pagando caixa escolar. A família era composta de quatro filhos em idade escolar e todos frequentavam a escola e pagavam a anuidade escolar, que era mensal. Além disso, tinha que comprar uniforme e material didático. Nesse aspecto, minha mãe sempre foi uma guerreira e tanto, sempre supriu nossas necessidades escolares, comparecendo, inclusive, em festas comemorativas, munida de presentes para que pudéssemos homenagear nosso pai, nossa mãe ou o professor. Ela ainda é uma guerreira sob todos os aspectos, minha heroína predileta.
Assim, segui minha jornada estudando até a quarta série no período matutino e depois no período vespertino até a sétima série na mesma escola. Mudei-me de escola e de turno para poder trabalhar no Banco do Brasil como menor estagiária, enfrentando uma jornada cansativa para meus 14 anos.
Foi um período muito gratificante para mim, muito fértil para meu crescimento cognitivo, mas houve também três fatos que marcaram minha vida profundamente, ambos na área da sexualidade, dos quais um não me é possível esquecer, mesmo que tente.
O primeiro fato ocorrido foi no meu trabalho, quando um certo dia um dos meus superiores me encontrou no almoxarifado buscando material para reposição nas mesas e ali naquele ambiente fechado e