Memorial
A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas. (Horácio1) Desde muito jovem, sabia que meu nome tinha algo especial. Sempre gostei de pronunciá-lo ao me apresentar para alguém ou escrevê-lo. Apenas aos 18 anos é que soube do seu verdadeiro significado: rubio, bia. “(Del lat. rubĕus). 1. adj. Dicho especialmente del cabello: De color parecido al del oro. Se dice también de la persona que lo tiene. Apl. a pers., u. t. c. s.” (DICIONÁRIO RAE, on line). Depois disso, passei a apreciá-lo muito mais. Meu nome teria muito mais do que uma simples simpatia, tomava agora uma semântica peculiar ao que sempre senti. Aliás, esse foi um dos motivos pelo qual meu pai se orgulha bastante, pois no tomo das suas imaginações e prazer pelas palavras – ainda que não tivesse a escolaridade máxima -, fez a escolha certa. Sou a terceira filha de pais que prezavam no lar o gosto pela leitura e a importância do estudo em nossas vidas. Minha mãe, mulher forte e guerreira, sempre lutou para que tivéssemos mais sorte que ela nos estudos. Apesar de ter concluído o ensino médio, ela não tivera oportunidades para dedicações maiores às séries posteriores, realizando assim, o ciclo de muitas mulheres que casam e reservam ao matrimonio e aos filhos sua total atenção. Quanto ao meu pai, não foi mais longe que minha mãe na vida acadêmica, no entanto, dedicou-se à leitura e a produção literária – escritor de contos e poesias, desde sempre. Aprendia muito mais nos livros e na vida do que na escola, argumentava. Dessa inspiração em casa não nos restava outra alternativa a não ser a de também compartilhar de uma boa leitura. O adolescer para mim, creio, foi o mais rico e bem vivido de todas as fases. Era o momento em que, entre as brincadeiras de crianças e as imaginações provocadas pela literatura, transformava o tempo livre em verdadeira festa. Brincar e pintar eram atividades presentes em nosso crescimento. No entanto,