Melatonina
Um hormônio secretado pela glândula pineal, localizada no cérebro, ganha cada vez mais admiradores, que tomam sua versão sintética como que bebe da fonte da juventude. A promessa: ela seria capaz até de reverter a passagem do tempo. Mas os cientistas não têm provas. Reconhecem que a substância é a responsável pela incrível pontualidade do corpo humano saudável, em que cada órgão faz a coisa certa na hora certa. Se tem efeito como remédio é outra história. Por isso sua comercialização ainda é proibida no Brasil.
Até recentemente, fora da comunidade científica, seu nome só era conhecido de poucos viajantes internacionais e pilotos. Essa gente sabia da sua fama de bloquear o jet lag, o mal-estar que alguns sentem quando mudam de fuso horário. Mas, de uns tempos para cá, a melatonina caiu na boca do povo. E como caiu. Cerca de 3 milhões de americanos não passam sem seu comprimido de melatonina toda noite e 40 000 brasileiros também não vão para cama sem ela. A maré de usuários sobe desde o final de 1995, impulsionada por livros propagando que o hormônio evitaria o envelhecimento.
“Não recomendo que ninguém tome melatonina antes de ouvir um médico”, disse à SUPER o neuroendocrinologista Russel Reiter, professor da Universidade do Texas e autor de Melatonin: Your
Body’s Natural Wonder Drug (algo como: melatonina, a droga maravilhosa que o seu corpo produz), que chegou às livrarias americanas em novembro passado. Segundo o texto, “além de combater o estresse e os micróbios, melhorar a qualidade do sono, reduzir os riscos de enfartes, regular ritmos biológicos, a substância talvez proteja contra o câncer.” Ufa. Resista à automedicação quem puder.
Reiter, ao menos, estuda o assunto há 32 anos. E, apesar de ser seu fã número um e apresentar dados cientificamente corretos, reconhece: “Ainda temos muito o que pesquisar.” A cautela pode evitar a repetição do fiasco ocorrido quando o hormônio foi isolado em 1958 dentro da minúscula glândula