meio ambiente - marinho
Nicole Vergueiro
19 de Agosto de 2004
Em pouco mais de dez anos, Recife tornou-se um dos lugares no mundo com maior incidência de ataques de tubarão. Desde a década de 90, o governo estadual e a área acadêmica de Pernambuco dedicam-se ao assunto, buscando compreender as possíveis mudanças de comportamento do perigoso predador marinho, e o que a ação humana tem a ver com isso.
Até junho de 1992, nenhum ataque de tubarão havia sido registrado nas praias do Recife. Naquele mês um surfista foi atacado, e desde então os registros só fizeram crescer. Nestes doze anos somam 44 agressões com 16 vítimas fatais, o que representa 46% dos ataques e 64% das mortes por esta causa no Brasil. No mundo, só os mares da Flórida produzem mais agressões. A diferença é que os ataques em Pernambuco acontecem em uma faixa de apenas 20 km, enquanto na Flórida o litoral envolvido tem 1.750 km de extensão. Além disso, enquanto na Flórida apenas 1% dos atacados morrem, em Pernambuco o percentual chega a assustadores 36%.
Em maio deste ano foi criado o Cemit, Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões, integrado por especialistas do governo em meio ambiente, cientistas e bombeiros, para estudar e prevenir os ataques. Fábio Hazin (foto), que coordena o novo órgão e dirige o Departamento de Pesca da UFRPE, é um dos maiores especialistas brasileiros em tubarões. Ele explica que, das 500 diferentes espécies do animal no globo, cerca de 50 estão na costa nordestina e aproximadamente 12 na via costeira pernambucana. Entre elas, estão o tubarão-tigre ou tintureira (Galeocerdo cuvier) e o cabeça-chata (Carcharhinus leucas), que vêm atacando no Estado. "A identificação das espécies que estavam atacando foi possível através das mordidas nas pranchas de surfistas agredidos e de fragmentos de dentes nos corpos das vítimas. O tamanho dos tubarões envolvidos varia de 1 a 3 metros de comprimento", destaca.
Sobre as causas dos ataques, há várias hipóteses. O