Max weber
O estudo da relação do ser humano com o Sagrado é, por excelência, uma tarefa interdisciplinar na qual a História tem muito a contribuir. Ao pensar as formas como os grupos humanos interpretam a relação com a(s) divindade(s), transformando as crenças em sistemas normativo-vivenciais, a História assume a função de pensar as bases sociais, políticas e econômicas que orientam a produção do sentido religioso. Dessa maneira, ela é dessacralizadora do fenômeno religioso ao (re)construir os contextos que permitem explicar o surgimento, a disseminação, as permanências e mudanças ocorridas no interior das religiões/religiosidades. Dado que cada cultura, a partir de suas necessidades, cria mecanismos próprios de relacionar-se com o mundo do sagrado, ao(à) historiador(a) é possível acercar-se tanto daquilo que fenomicamente é mostrado (rituais, organização de tempos sagrados e profanos, aparatos litúrgicos, fórmulas religiosas, piedades, teologias, livros/falas sagradas), quanto da intencionalidade religiosa (uso político, econômico e social das práticas e instituições religiosas). Esta dupla possibilidade é alcançada a partir do manejo das relações estabelecidas nas temporalidades curta, média e longa, fator que dá primazia ao(à) historiador(a) das Religiões e Religiosidades no entendimento das formas específicas que o Sagrado assume nas mais diversas ambiências, transformando-se em tradições religiosas. Para tanto, há que se estar aberto ao diálogo com a Antropologia, com a Sociologia, com a Filosofia das Religiões, exercício que o presente dossiê tem a satisfação de apresentar aos leitores. Todos os textos realizam suas análises tomando a religião com um fato social. Para facilitar a leitura, ordenamos cronologicamente os textos, opção que facilitará, em uma visão de conjunto, a percepção da heterogeneidade das percepções históricas acerca do Sagrado em épocas e locais que se cruzam. O primeiro texto, Religiosidade tardo antiga e a