max define
O final dos anos 70 é um período que a crítica arquitetônica brasileira normalmente toma como de produção decadente, assertiva em parte contestada por Luis Espallargas Gimenez, que toma a Residência Max Define como obra notável, mas que passou despercebida no contexto da época, quando prevalecia o brutalismo paulista, por conta de seu extremo refinamento, obtido graças à “sua insuperável e sofisticada execução”.
A implantação da casa se dá a partir da formulação de uma pauta geométrica, que busca controlar o terreno trapezoidal irregular com sua decomposição inicial em um triângulo e um retângulo, e a posterior partição do retângulo em dois quadrados. A casa se inscreve no quadrado da esquerda, incorporando a forma pura em sua planta. As áreas livres resultantes ficaram sob a responsabilidade do paisagista Fernando Chacel, que propõe um jardim que se estende por todo o terreno, com uma piscina semicircular dentro do triângulo. Um muro de arrimo contém o terreno em aclive, conformando dois platôs terraplenados agora articulados por escadas laterais. A casa – um caixote de concreto e vidro sustentado por doze pilares dispostos em gride cartesiano – tem cerca de 1/3 de sua área apoiada sobre o platô superior, permanecendo os 2/3 restantes suspensos, abrindo espaço para o estacionamento de automóveis e área de serviço.
A planta quadrada e o gride retangular da estrutura resultam em uma complexa regulagem de medidas, resultando em áreas ao mesmo tempo modulares e diferenciadas, com a presença sempre surpreendente dos pilares em cada recinto da casa, ora rente ao vidro, ora no meio do cômodo, ora dissimulado por um anteparo qualquer, ora setorizando um ambiente mais amplo... A abertura na laje superior de cobertura é retangular, permitindo a entrada de luz e ar no centro das áreas social e de serviço, que por sua vez são reguladas por um recorte quadrado na laje de piso, que permite o contato ambiental com platô inferior e uma circulação periférica