Matrix e a alegoria da caverna
O filme Matrix, dos irmãos Wachowski, é muito mais do que um filme de ficção científica e um ícone dos efeitos especiais da década de 1990. Quando se vê além de sua bilheteria milionária e dos efeitos visuais gerados por computador, fica muito clara uma analogia entre Matrix e a alegoria da caverna, de Platão. A trilogia narra a história de Neo, que descobre estar vivendo em uma realidade virtual, a chamada Matrix, criada pelas máquinas que dominam o mundo e controlam a humanidade. Já a alegoria da caverna, apresentada por Platão no livro A República, fala de seres humanos que viveriam em uma caverna desde a infância, presos de modo a ver apenas a parede ao fundo da mesma. Na entrada haveria um muro, na frente do qual passariam pessoas e, atrás deste, haveria uma fogueira que refletiria as sombras dos passantes no fundo da caverna. As sombras seriam a única maneira pela qual os prisioneiros teriam contato com o mundo. Assim, fica claro o primeiro ponto em comum entre a obra dos irmãos Wachowski e a alegoria de Platão: a realidade virtual. Tanto os homens que estão sob o controle das máquinas, quanto os prisioneiros da caverna vivem em uma realidade forjada; seja esta um programa de computador que simula a vida de uma pessoa enquanto ela vegeta, no caso Matrix, seja as sombras no fundo da caverna que equivalem à realidade, à vida cotidiana, na alegoria. Outro ponto em comum entre as obras está no fato de um desses integrantes do mundo virtual conseguir atingir a realidade. Enquanto, em Matrix, Neo desperta para a realidade após tomar a pílula vermelha, no mito da caverna um dos prisioneiros consegue se libertar das correntes que o prendem e caminhar em direção à luz. Este descobre que as sombras que via na parede eram na verdade vultos disformes de pessoas. Já, no filme, Neo descobre que a humanidade está submetida às máquinas, em um mundo destruído. Pode-se dizer que, em ambos os casos, a realidade era muito mais