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Entre os muitos ensaios sobre ética mundial, ressalta por sua abrangência, alcance e beleza aquele proposto pela Carta da Terra. Esta representa a cristalização bem-sucedida da nova consciência ecológica e planetária, fundadora de um novo paradigma civilizatório. A Carta da Terra parte de uma visão ética integradora e holística. Considera as interdependências entre pobreza, degradação ambiental, injustiça social, conflitos étnicos, paz, democracia, ética e crise espiritual. Ela representa um grito de urgência face às ameaças que pesam sobre a biosfera e sobre o projeto planetário humano e também um libelo em favor da esperança e de um futuro comum da Terra e da humanidade. Seus formuladores dizem-no claramente:
A Carta da Terra está concebida como uma declaração de princípios éticos fundamentais e como um roteiro prático de significado duradouro, amplamente compartido por todos os povos. De forma similar à Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, a Carta da Terra será utilizada como um código universal de conduta para guiar os povos e as nações na direção de um futuro sustentável.
1 O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA CARTA DA TERRA
O texto da Carta da Terra madurou durante muitos anos a partir de uma ampla discussão em nível mundial. Um nicho de pensamento se encontra no seio da Organização das Nações Unidas (ONU). Criada em 1945, propunha-se, como tarefa fundamental, a segurança mundial sustentada por três pólos principais: os direitos humanos, a paz e o desenvolvimento socioeconômico. Não se fazia ainda nenhuma menção à questão ecológica. Esta irrompeu estrepitosamente em 1972 com o Clube de Roma, o primeiro grande balanço sobre a situação da Terra, que denunciava a forma destrutiva dos meios de produção e propunha, como terapia, limites ao crescimento. Nesse mesmo ano, a ONU organizou o primeiro grande encontro mundial sobre o meio ambiente em Estocolmo, na Suécia. Aí surgiu a consciência de que o meio