Massacre de batepá
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
Na próxima segunda-feira, dia 3 de Fevereiro, 61 anos se completarão sobre os acontecimentos que ficaram conhecidos como: Massacre de Batepá.
Agitando o perigo de uma conspiração comunista visando criar um governo dos nativos de S. Tomé, o governador Carlos Gorgulho fomentou uma onda de repressão que resultou num número (ainda hoje) indeterminado de mortos.
Muitos foram abatidos a tiro em verdadeiras caçadas levadas a cabo por milícias de voluntários. Diversos foram queimados. Alguns morreram asfixiados em celas demasiado pequenas para o número de presos que continham. Muitos foram sujeitos a trabalhos forçados na praia de Fernão Dias. Um dos castigos consistia em “vazar o mar”: presos com correntes, eram obrigados a entrar no mar para encher grandes selhas de água salgada, apenas para as despejar em terra, pouco depois.
Interrogados sob tortura, chicoteados, submetidos à utilização de uma cadeira elétrica, os presos eram obrigados a confessar o seu envolvimento numa revolta que pretenderia matar o governador e os colonos e distribuir entre si as mulheres brancas. Mais tarde, a própria PIDE havia de negar a existência da conspiração referida pelo governador.
A poetisa Alda do Espírito Santo dedicou, entre outros, o poema ”Onde estão os homens caçados neste vento de loucura” às vítimas do massacre: O sangue caindo em gotas na terra homens morrendo no mato e o sangue caindo, caindo...
Fernão Dias para sempre na história da Ilha Verde, rubra de sangue, dos homens tombados na arena imensa do cais.
Aí o cais, o sangue, os homens, os grilhões, os golpes das pancadas a soarem, a soarem, a soarem caindo no silêncio das vidas tombadas dos gritos, dos uivos de dor dos homens que não são homens, na mão dos verdugos sem nome.
Zé Mulato, na história do cais baleando homens no silêncio do tombar dos corpos.
Aí, Zé Mulato, Zé Mulato.
As vítimas clamam vingança
O mar, o mar de Fernão Dias