Marx e as revoluções dos povos colonizados:
MARX E AS REVOLUÇÕES DOS POVOS COLONIZADOS: BREVES NOTAS
TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
Diogo Valença de Azevedo Costa
Márcia da Silva Clemente*
GT 1 – A obra teórica de Marx
O presente texto se insere num conjunto mais amplo de investigações, ora em seus momentos iniciais, sobre os modos diversos pelos quais as diferentes tradições marxistas enfrentaram teórica e politicamente a questão colonial. Partindo do pressuposto que as primeiras formulações a esse respeito podem ser buscadas nos escritos de Marx e Engels sobre o colonialismo, os quais acompanhavam e serviam de base às pesquisas no campo da economia política que dariam origem aos manuscritos de
O Capital (1867), procurou-se realizar um esforço de recuperar a atitude política, teórica e metodológica dos fundadores da concepção materialista da história diante da necessidade de incorporar os dinamismos das formações sociais não-ocidentais e colonizadas na compreensão dos movimentos de expansão do mercado mundial e, conseqüentemente, do próprio desenvolvimento do modo de produção capitalista. Tais investigações detinham o propósito mais amplo de apontar caminhos para a construção conjugada das táticas e estratégias da revolução socialista na Europa ocidental e das revoluções anticoloniais nas regiões submetidas ao poderio político, militar e econômico das nações imperialistas. A tese central a ser aqui sustentada é a de que a magnum opus do marxismo – uma obra por excelência inacabada devido à persistência de Marx de revisar seus passos teóricos e metodológicos toda vez que novas determinações históricas eram impostas pela dinâmica própria dos movimentos revolucionários, sendo essa, talvez, uma das razões para a não conclusão dos livros segundo e terceiro de O Capital – não pode ser apreendida em suas múltiplas e ricas dimensões sem que se leve em conta as mudanças de orientação dos dois pensadores quanto à questão colonial. O presente tema, por si