Marilena Chaui e o Pensamento Mágico
Inicialmente como contestação ao aumento das tarifas do transporte público, surgiu em todo o Brasil várias manifestações populares e no exterior que foram crescendo e criando proporção vista pela última vez, apenas em 1992 no impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, com temas que foram recrudescendo ao longo das semanas como os gastos públicos exorbitantes, o mau uso do dinheiro público e a revogação do trâmite de algumas propostas de emendas constitucionais como a PEC 37, um projeto legislativo que limitaria o poder de investigação criminal a polícias federais e civis.
Marilena Chaui traz nessa entrevista, sua análise das manifestações em Junho de 2013, abordando os aspectos políticos e sociais, como a apropriação de partidos e de extremas políticas e sua interpretação quanto à ilusão dos jovens sobre a facilidade de usar uma ferramenta que não é controlada política e economicamente por eles; bem como o perfil dos manifestantes e sua crítica sobre esses acontecimentos.
Entrevista
Abaixo há um excerto da entrevista, focando
[...] CULT – Qual foi sua primeira reação ao ver tanta gente nas ruas durante as manifestações de 2013?
Marilena Chaui – Um susto! (...) Se eu soubesse que eles iriam usar as redes sociais, não teria me assustado, pois associaria com outros eventos quejá vi no mundo.
CULT– E como se deu sua compreensão das manifestações?
Marilena Chaui – No primeiro dia, pelo menos em São Paulo, as palavras de ordem eram referentes ao transporte. Depois da primeira manifestação, participei do Conselho da Cidade (...) Todos os conselheiros pediram a revogação do aumento das tarifas. Alguns diziam: “Como pode haver manifestação? A inflação está sob controle; o desemprego diminuiu; os programas sociais funcionam; há estabilidade econômica e política!”(...)Eu não fiquei perplexa no que se refere a São Paulo, tenho dito há um bom tempo que a cidade está se tornando um inferno urbano.
CULT – Mas se falou muito que Haddad foi