Os massacres da população pobre e negra no país são práticas frequentes das polícias. Conforme aponta as pesquisas e investigações realizadas pelas Mães de Maio, dos quase 500 mortos no período de uma semana em maio de 2006 pela polícia militar e por grupos de extermínios aliados a ela, a maioria era negra, pobre e moradora da periferia. Diversos são os fatores que contribuem para a reiteração dessa prática e para a impunidade de seus atores. De um lado temos uma polícia militarizada, cuja ação violenta e autoritária é herança da ditadura, e de outro temos o desinteresse do estado, em especial do estado de São Paulo, em investigar e procurar punir os responsáveis por tais ações arbitrárias e desproporcionais, talvez, ou certamente, porque é ele o maior conivente e interessado na matança institucionalizada. Dentre as reivindicações das Mães de Maio e de outros grupos e ONG’s interessados em colocar um fim à impunidade e frear a tendência cada vez maior dos massacres, encontrava-se a abolição da expressão “resistência seguida de morte” ou “auto de resistência” nos registros feitos em delegacias de todo o país. Como aponta o próprio grupo em seus textos, a possibilidade dos policias registrarem qualquer homicídio por eles cometido como uma reação à resistência da vítima tornava-a uma licença para matar, escondendo as sempre presentes violações de direitos humanos Em dezembro de 2012, o movimento teve um motivo para comemorar. Embora a luta contra a ação exterminadora da polícia militar esteja longe de acabar, uma passo significativo foi dado. Depois de um abaixo-assinado tornado público em fevereiro de 2012, a utilização dos registros “autos de resistência” e “resistência seguida de morte” foi proibida por meio de uma resolução, que também prevê que o local do crime deve ser preservado, para fins periciais e evitar, assim, a encoberta de grupos de extermínio. No entanto, os massacres não são a única forma de violência dirigida aos pobres por ações