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Quarto de Despejo é o tipo de livro que nos choca, não pelo relato da miséria em si, mas porque ela é real.
Logo que tive conhecimento deste livro, me interessei por ele! Porém, não fazia idéia da complexidade do tema e mais, de quão perto de mim este acontecimento histórico esteve.
Ironia do destino ou não, ‘Quarto de Despejo’ é o relato de uma moradora da favela do Canindé que fica perto do antigo campus da Faculdade que curso. Passei 4 anos da minha vida olhando uma paisagem sem ao menos enxergá-la. Lógico que, hoje em dia o Canindé não é mais como era na época em que a autora relata os fatos, mas a história contida naquele lugar e ignorada por mim e tantos outros que ali passam me deixou perplexa. O historiador Eric Hobsbown, em seu livro “A Era dos Extremos”, relata exatamente esse fenômeno quando diz que vivemos num Presente Contínuo.
Carolina Maria de Jesus, favelada, mãe solteira e catadora de sucata é a protagonista da história, uma crítica social tão pura que chega a doer.
…Eu classifico São Paulo assim: O Palácio, é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o Jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos.” .”(Quarto de Despejo – Carolina Maria de Jesus)
Em sua linguagem simples e com erros ortográficos temos conhecimento da dura vida na favela, do difícil convívio com os vizinhos, da politicagem do país e principalmente da fome e da violência. A luta diária pela sobrevivência, onde ter o que comer é a maior alegria do dia. Em seus relatos Carolina viu a cor da fome e ela era Amarela.
E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome!”
Este é um livro que precisa ser lido e