Maria
Poucas, mas suficientes e convincentes, são as passagens evangélicas que falam de Maria, a Mãe de Jesus. O culto mariano tem uma fundamentação bíblica. Nossa Senhora foi venerada e honrada pelos seus próprios contemporâneos. Até mesmo um mensageiro de Deus lhe fez uma saudação. Saudação que continua sendo repetida por milhões de vozes e corações há vinte séculos.
Abramos o Evangelho e passemos em vista quatro passagens que nos interessam agora e estão relacionadas com o tema que desenvolvemos.
A) Narra-nos o evangelista São Lucas que o arcanjo Gabriel foi enviado por Deus a Nazaré, cidade da Galiléia, onde morava a Virgem Maria. Entrando o enviado de Deus até onde ela estava, disse-lhe: "Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo, bendita és tu entre as mulheres." (Lc. 1, 26-38). O anjo saúda a Maria. A Zacarias ele não saudou. Saudou a uma jovenzinha, muito embora, em Israel, homem algum saudasse a uma mulher.
A saudação causou surpresa em Maria. Ela teve razão para se perturbar. Foi preciso ouvir do mensageiro celeste o "não temas", para que recuperasse a tranquilidade de espírito. Observa Santo Tomás de Aquino que não era a primeira vez que um anjo era enviado a terra. Abraão e os Patriarcas receberam a visita desses mensageiros celestes. Mas, nunca os anjos se inclinaram diante deles, porque, por sua natureza, o anjo é superior ao homem. Quando vê diante de Maria, portador do grande segredo da Encarnação, ele descobre nela a rainha do céu e da terra, e se inclina ao dizer: Ave, gratia plena, Dominus tecun."
São Lucas usa a palavra "Kekaritomêne" que tem o sentido de agraciada, cheia de graça, aquela que foi e permanece repleta do favor divino. Ao ser saudada como aquela que mereceu uma especial atenção de Deus e que está plena da sua graça, Maria ficou comovida. "De certo, diz um comentarista evangélico, na sua modéstia, não entendia porque um visitante celestial a saudasse em termos tão exaltados." (Leon Morris - "LUCAS", pág.70).