MARIA RIBEIRO
Tessituras, Interações, Convergências
13 a 17 de julho de 2008
USP – São Paulo, Brasil
As Rosas De Clarice Lispector: Travessia
Transfiguração E Denúncias Da Flor
Prof. Dra. Maria José Ribeiro (FURB) 1
Resumo:
Este ensaio aborda as personagens diante da rosa, na obra de Clarice Lispector. Tem como epicentro o estudo do conto A imitação da rosa, da obra “Laços de família”, mas abrange a análise do espaço personagem-rosa em outros textos da autora marcados pela presença da flor.A rosa promove uma interrupção súbita do cotidiano dos personagens – momento epifânico. Parte-se do pressuposto de que o encontro com a flor revela o ser em seus vários contrastes: entre a completude e a fragmentação, entre a sanidade e a loucura, entre o si mesmo e o Outro. Conclui-se que nesse espaço entre o eu e o Outro – sendo esse Outro a rosa que se ergue nesta análise como individualidade – surgem denúncias das mazelas sociais, tendo como ponto de partida um mergulho profundo no mistério da flor.
Palavras-chave: rosa,Clarice Lispector, espaço, personagem, Outro.
Introdução
A rosa surge na obra de Lispector, promovendo, com sua beleza e perfeição, uma interrupção súbita do cotidiano dos personagens - momento epifânico.Ou a rosa tem espaço na vida do personagem como uma fantasia de carnaval - chance de se assumir outra identidade, máscara. O ser humano identifica-se passo a passo com a rosa, ou passa a ser, num instante, flor desabrochada, rosa de papel crepom. A rosa revela o ser em seus vários contrastes, entre a completude e a fragmentação, entre a sanidade e a loucura, entre o si mesmo e o Outro. E nesse espaço entre o eu e o Outro, a rosa ajuda a revelar o mundo exterior, tendo como ponto de partida um mergulho profundo no mistério da flor. A análise do encontro dos personagens com a rosa se justifica também pelo fato da flor carregar em si uma metáfora de imenso alcance. A rosa faz a travessia daquilo que, não sendo rosa, é palavra-rosa que