Mapas do Acaso
Mapas do acaso
E
“Então, preste atenção: o mar não ensina, insinua. Estamos no mesmo barco, sob a mesma lua.”
nquanto ouvia a música mapas do acaso da banda gaúcha Engenheiros do Hawaii, pensava no que escrever nesta coluna inicial e quem de fato seria meus leitores. Falar sobre os temas que foram debatidos no meu Blog? Exploração do trabalho infantil na nossa
cidade? Prover ou privar? Um caso a se pensar. Mas quem iria me ler? Quem iria me decifrar? Resolvo eleger como leitor principal pessoas com curiosidade. Sim, essa coisa que não deveríamos ter abandonado na infância e que está fazendo uma falta danada agora.
“Ao sabor do acaso apesar dos pesares... ao sabor do acaso... flutua.”
B
em, por educação deixem eu me apresentar:
Meu nome é Hudson Costa, tenho 23 anos e um monte de sonhos na cabeça. Estudei no falecido
Colégio Cenecista João XXIII, onde hoje funciona o Colégio Objetivo. Cursei Jornalismo e Psicologia
(abandonei o primeiro). Morei na casa do estudante e já fui dormir com fome. Já vendi picolé na feira livre, já fui
batedor de xerox na Central do Cidadão, trabalhei no
Portal do Alvorada (alguém lembra?), vendi carne na feira de Pureza. Hoje trabalho numa das empresas mais respeitadas do país, o Banco do Brasil. E minha missão agora, por mais contraditória que pareça, é denunciar a contradição da falsa mobilidade social existente. Sou fruto do acaso, do estudo e da sorte.
“Âncora? Vela? Qual me leva? Qual me prende? Mapas e bússola. Sorte e acaso. Quem sabe (?) do que depende?”
M
obilidade Social, Senhoras e Senhores, é a possibilidade que nos foi prometida por volta do século dezesseis de nascer numa classe social menos privilegiada e ao longo da estrada ascender a uma classe mais elevada. Em outras palavras: Subir na
Vida! Acontece que essa possibilidade não é igual para todo mundo. Filhos de pais ricos geralmente serão ricos.
Filhos de pais pobres geralmente serão