Manuelzão e miguilim
Manuelzão e Miguilim (CORPO DE BAILE)
João Guimarães Rosa
Ana Cristina R. Pereira & Altair Martins
“Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens."
Biografia do autor: João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo, interior de Minas Gerais, a 27 de junho de 1908. Formou-se em Medicina e atuou como médico em algumas cidades mineiras até 1934, quando ingressou na carreira diplomática. Falante fluente de diferentes línguas (espanhol, francês, inglês, alemão e italiano) e leitor de várias outras (latim, grego clássico e moderno, sueco, dinamarquês, servo-croata, russo, húngaro, persa, chinês, japonês, árabe e malaio), Guimarães Rosa chegou a ser cônsul-adjunto em Hamburgo, chefe da Divisão do Orçamento do Ministério e ministro de primeira classe do governo de Juscelino Kubitschek. Em 1952, o autor realizou um velho sonho: viajou por nove dias através do sertão, carregando um caderno no qual anotava nomes de bichos e plantas, raças e cores de gado e canções populares, onde conheceu o vaqueiro Manuelzão, inspiração para Uma Estória de Amor. As canções e o falar dos sertanejos influenciaria mais tarde o estilo roseano. Em 1967, Rosa tomou posse na Academia Brasileira de Letras, mas não chegou a desfrutar de sua conquista: o autor faleceria três dias depois, devido a um enfarte fulminante. Teve sete obras publicadas: Sagarana (primeira versão de 1937, reformulada e reeditada em 1946); Corpo de Baile (volume composto por sete novelas, dividido em 1956 em três volumes); Grande Sertão: Veredas (também em 1956, seu único romance); Primeiras Estórias (coletânea de vinte e um contos curtos, 1962); Tutaméia (1967) e as póstumas: