manoel de barros
Tinha um ano de idade quando o pai decidiu fundar fazenda com a família no Pantanal: construir rancho, cercar terras, amansar gado selvagem. Nequinho, como era chamado carinhosamente pelos familiares, cresceu brincando no terreiro em frente à casa, pé no chão, entre os currais e as coisas "desimportantes" que marcariam sua obra para sempre. "Ali o que eu tinha era ver os movimentos, a atrapalhação das formigas, caramujos, lagartixas. Era o apogeu do chão e do pequeno."
Com oito anos foi para o colégio interno em Campo Grande, e depois no Rio de Janeiro. Não gostava de estudar até descobrir os livros do padre Antônio Vieira: "A frase para ele era mais importante que a verdade, mais importante que a sua própria fé. O que importava era a estética, o alcance plástico. Foi quando percebi que o poeta não tem compromisso com a verdade, mas com a verossimilhança." Um bom exemplo disso está num verso de Manoel que afirma que "a quinze metros do arco-íris o sol é cheiroso." E quem pode garantir que não é? "Descobri que servia era pra aquilo: Ter orgasmo com as palavras." Dez anos de internato lhe ensinaram à disciplina e os clássicos a rebeldia da escrita.
Algumas obras publicadas no Brasil:
1937 — Poemas concebidos sem pecado.
1942 — Face imóvel.
1956 — Poesias.
1960 — Compêndio para uso dos pássaros.
1966 — Gramática expositiva do chão.
1974 — Matéria de poesia.
1982 — Arranjos para assobio.
1985 — Livro de pré-coisas (Ilustração da capa: Martha Barros).
1989 — O guardador das águas.
1991 — Concerto a céu aberto para solos de aves.
1999 — Exercícios de ser criança.