Maias- jantar gouvarinho
Durante o jantar, Gouvarinho e Sousa Neto discutem. O primeiro, que vai ser ministro, revela imensa ignorância, “posso afirmar que não há hoje colónias nem mais susceptíveis de riqueza, nem mais crentes no progresso, nem mais liberais do que as nossas!”, não compreendendo a ironia de Ega. É retrógrado, tem lapsos de memória, “Agora me lembro… Esta minha desgraçada memoria”, comenta muito desfavoravelmente as mulheres e não acaba nenhum assunto, “O conde sorria com superioridade”.
Sousa Neto desconhece o sociólogo Proudhon, é deputado, não entra nas discussões e acata pacificamente as opiniões alheias. Defende a imitação do estrangeiro, acompanha as conversas sem intervir e defende a literatura de folhetins, de cordel.
O jantar em casa do Conde Gouvarinho permite através das falas e atitudes das personagens, mostrar a degradação dos valores sociais, “Isto é um país desgraçado”, o atraso intelectual do país, “Creio que não há nada de novo em Lisboa, minha senhora, deste a morte do Senhor D. João VI”, a mediocridade mental de algumas figuras da alta burguesia e da aristocracia, principalmente o Conde Gouvarinho e também Sousa Neto, “Durante um momento o Sr. Sousa Neto ficou desorganizado”. Estas personagens emitem duas diferentes opiniões sobre a educação da mulher, a do Conde Gouvarinho, “o lugar da mulher era junto do berço, não na biblioteca…” e a do Sousa Neto, “Uma senhora, sobretudo quando ainda é nova, deve ter algumas prendas”.
Sousa Neto é representante da administração pública e demonstra-se superficial nas suas intervenções. Eça usa Sousa Neto para mostrar como se encontra a cultura dos altos funcionários do estado, “E de repente calou-se, embaraçado, levando a chávena aos