Madame bovary
Fulvia M. L. MORETTO2
RESUMO: Publicado como apresentação à tradução de Madame Bovary, em 2001, pela Nova Alexandria – notas e tradução, também, da articulista –, este artigo recupera o percurso empreendido por Gustave Flaubert até a publicação da obra, em 1857. Ao mesmo tempo, são apresentadas as nuanças do texto flaubertiano que permitem caracterizá-lo como o primeiro romance moderno: de fato, é uma obra de ruptura e, a partir de então, o romance não é mais apenas uma história, mas antes de tudo um estilo. PALAVRAS CHAVE: Madame Bovary. Gustave Flaubert. Romance. Realismo. Literatura Francesa.
Nascido em 1821, Gustave Flaubert, que pertence à geração educada dentro da estética romântica, será contudo, como Baudelaire, nascido no mesmo ano, um dos pais da renovação literária que se realizou nos últimos 130 anos, dando com Madame Bovary (1857) o primeiro romance moderno, um misto de realismo, de arte pela arte e de romantismo sufocado pela vontade do autor. E ele soube servir-se desse conjunto para combater exatamente os excessos do idealismo romântico da primeira metade do século XIX. Pois Flaubert é, de fato, na expressão de Jean Rousset (apud GOTHOT-MERSCH, 1990, p.XXXII), “[...] o primeiro em data dos não-figurativos do romance moderno”. Após algumas tentativas de menor importância, após algumas produções autobiográficas como Novembre (1842) e a primeira Education sentimentale (1845), Flaubert termina sua primeira Tentation de Saint-Antoine (1849) que ele mesmo lerá diante de seus maiores amigos, Maxime du Camp e Louis Bouilhet. A leitura é longa: quatro dias ao ritmo de oito horas por dia. O veredicto dos amigos
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Publicado como apresentação à tradução de Madame Bovary. FLAUBERT, Gustave. Madame Bovary. São Paulo: Nova Alexandria, 2001. UNESP - Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e Letras - Departamento de Letras Modernas. Araraquara – SP - Brasil. 14800-901. fulviam@terra.com.br
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