madame bovary
O romance “Madame Bovary” de Gustave Flaubert narra a história de Emma
Bovary e apresenta o seu processo de formação, ponto principal dessa obra, através de uma narração em terceira pessoa. Esse processo possui uma linha decrescente, onde ocorre a degradação da personagem, que vai perdendo a sua inocência, e culmina com a sua morte provocada pela própria consciência.
Analisando a obra pode-se perceber essa situação já a partir do primeiro capítulo (da primeira parte), quando se inicia a apresentação dos personagens. Neste ponto, Emma nem é citada, porém, nas passagens narradas sobre Carlos Bovary, sua infância e juventude, sua família e seu casamento, existe uma idealização e o desejo, por parte de Carlos, de se ter alguém que tivesse só qualidades, como pode ser observado no fragmento:
“(...) À noite, quando Carlos regressava, punha-se a cingir-lhe o pescoço com os braços magros que tirava do calor dos cobertores e, depois de o fazer sentar-se à beira do leito começava a contar-lhe os seus aborrecimentos: ele a esquecia, amava outra! Bem lhe tinham dito que seria infeliz (...)”
Começa então a ser formada a imagem de Emma, que representaria a pessoa ideal.
Nesse ponto tem início o desenvolvimento da trama e para tanto, a personagem da futura senhora Bovary está num nível superior, “idealizado”, e o seu processo de formação e de degradação estará centrado no choque entre a essência e a aparência. Como outros heróis trágicos já vistos, caso de Édipo da obra “Édipo Rei” de Sófocles ou Camilo de “A
Cartomante” de Machado de Assis, a personagem de Gustave Flaubert vai “conhecer-se a si mesma”. A inocência apresentada através da doçura e dos sonhos se quebra, e os sentimentos verdadeiros aparecem, construindo um ser insaciável que busca sempre ter mais, mesmo que lhe seja algo proibido. Ao assumir essa condição de vida, Emma não pensa nas conseqüências quando é seduzida por bens materiais e paixões ardentes, mas a