Macroeconomia Clássica
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Versão corrigida em 1974 de apostila publicada originalmente em 1968. EC-MACRO-L-1968 (E-73).
São Paulo, abril de 1968. Revisado em maio de 1976.
A MACROECONOMIA CLÁSSICA
A macroeconomia clássica, como toda a teoria econômica clássica, parte do pressuposto fundamental de que o mundo econômico é governado por leis naturais, as quais, se forem deixadas a funcionar livremente, produzirão sempre os melhores resultados possíveis. Esta fé na "lei natural", fruto do racionalismo dos séculos XVIII e XIX, não obstante seu caráter quase místico de crença e de mistério (afinal, o que há de mais misterioso e indefinido do que a "lei natural"?), tem bases ideológicas nítidas. Não vamos, porém, agora discuti-las. São por demais conhecidas as relações do naturalismo com a emergência da burguesia e com seu interesse por uma política econômica baseada no laissez-faire.
Além deste pressuposto geral, a macroeconomia clássica partia ainda de dois pressupostos importantes: o de que os preços e salários eram sempre flexíveis e o de que a moeda não era utilizada com fins de entesouramento. Estes dois pressupostos permitiam o desenvolvimento dos dois modelos centrais da macroeconomia clássica: a "lei do mercado", de Say, segundo a qual a oferta cria sua própria procura; a teoria quantitativa da moeda, que, partindo da equação de trocas, concluía que, sendo a velocidade da moeda constante, e dada uma determinada quantidade de moeda, a produção variava em relação inversa e proporcional aos preços. Além destes dois modelos, para equilibrar a poupança e o investimento, a macroeconomia clássica fazia estas duas variáveis dependerem de taxa de juros, a qual era, por sua vez, determinada pela oferta de poupança e a procura de investimentos. O resultado de todo este processo era o pleno emprego no longo prazo, ou, o que dá no mesmo, a impossibilidade de haver crises de longa duração, indefinidas, de subconsumo ou