DA MACROECONOMIA CLÁSSICA À KEYNESIANA
Fernando J. Cardim de Carvalho*
Resumo: Críticos conservadores do keynesianismo sempre focalizaram suas restrições na suposta carta branca que Keynes teria dado ao estado para abandonar qualquer regra de disciplina sobre seus gastos, despreocupando-se com os possíveis impactos de persistentes déficits fiscais. Keynes realmente centrou suas preocupações na geração de níveis de demanda agregada que pudessem levar empresários a decidir oferecer o volume de empregos correspondente ao pleno emprego da força de trabalho da economia. Sua estratégia de política macroeconômica, porém, era muito mais sutil do que a simples aprovação da realização de déficits fiscais. A visão de Keynes é apoiada, na verdade, em dois pilares: o primeiro, de que uma política de gastos expansionista não é necessariamente deficitária porque o próprio crescimento da renda leva a um aumento da arrecadação de impostos. Alem disso, o crescimento da renda leva também a um crescimento da poupança e, com ela, ao aumento da demanda por títulos, inclusive os de dívida pública, financiando-se assim de forma não inflacionária o déficit restante. O segundo pilar é o efeito sobre expectativas empresariais do ativismo estatal que sinalizaria a manutenção de elevada demanda agregada e estimularia investimentos privados que poderiam mesmo tornar desnecessária a realização de gastos públicos mais amplos. Déficits fiscais emergeriam apenas quando esses impactos sobre expectativas, por alguma razão, não se materializassem.
Palavras-chave: Keynes, Macroeconomia Keynesiana, Política Fiscal.
Abstract: Conservative critics of Keynesianism always centered their critiques on the comfort Keynes supposedly gave to irresponsible governments, justifying the persistent occurrence of fiscal deficits. Keynes was in fact concerned with the inability of entrepreneurial economies to spontaneously generate adequate levels of aggregate demand. His policy