MACROAMBIENTE
Noticia 1 sobre ambiente econômico e competitivo
Entrevista |
“Estamos afetando negativamente a competitividade”
Ferreira: "Até a metade do governo Lula, vínhamos bem, agora andamos para trás" (Foto: Divulgação)
Quando divulgou o relatório trimestral de inflação, há duas semanas, o diretor do Banco Central, Carlos Hamilton Vasconcelos, fez um pedido para o país debater a questão da produtividade e citou o nome do economista Pedro Cavalcanti Ferreira, professor da Fundação Getúlio Vargas (RJ), como referência no assunto. O governo, agora, ensaia uma discussão – e a adoção de medidas – para melhorar a competitividade do país. Mas Ferreira, que estuda o tema há anos, vê todo esse esforço com ceticismo. “Estamos afetando negativamente a competitividade”, afirma. Nesta entrevista ao Poder Econômico, ele avalia que um dos principais motivos para o discurso caminhar para um lado e a prática para o outro é a “excessiva intervenção” do governo na economia. Cita como exemplos o regime automotivo, a política de preço da gasolina e o aumento do imposto de importação de 200 produtos.
Poder Econômico - Por que o Brasil não consegue aumentar a produtividade?
Pedro Cavalcanti Ferreira – Essa é a resposta de bilhões de dólares. Vamos lá. A forma mais simples de explicar é que a produtividade depende tanto de tecnologia, inovação, educação quanto de instituições e normas do país. Se você tem alguns desses itens, os primeiros, mas tem um ambiente de negócios que não incentiva o empreendedorismo, a adoção de tecnologia, o investimento, fica para trás em termos de produtividade. A questão no Brasil tem a ver com essas novas instituições criadas de quatro a cinco anos para cá. De forma clara, há uma volta ao intervencionismo exagerado dos anos 1970, um mercado excessivamente regulado que prejudica o ambiente de negócios. Esse panorama desestimula o aumento da produtividade ou porque o setor está muito protegido e não precisa investir ou porque está consciente de