Lógica
Mark Sainsbury (Texto retirado da obra Logical Forms (Blackwell, Oxford, 1991, pp. 9-13).
Há uma velha tradição segundo a qual há dois ramos da lógica: a lógica dedutiva e a indutiva. Mais recentemente, as diferenças entre estas disciplinas tornaram-se tão profundas que a maior parte das pessoas usam hoje em dia o termo "lógica" com o significado de lógica dedutiva, reservando termos como "teoria da confirmação" para abranger pelo menos parte do que se costumava chamar "lógica indutiva". Irei seguir a prática mais recente, interpretando "filosofia da lógica" como "filosofia da lógica dedutiva". Nesta seção, irei tentar mostrar as diferenças entre as duas disciplinas, e indicar brevemente as razões pelas quais as pessoas pensam que a lógica indutiva não é realmente lógica.
Comecemos tentando definir o que é verdade ou verdadeiro em ambos os tipos de lógica. Na lógica indutiva verdadeira é qualquer afirmação que tenha correspondência com a realidade. Nas palavras de Aristóteles: “dizer a verdade é dizer que o que é é e o que não é não é; mentir é inverter estas relações”. Na lógica dedutiva é preferível afirmar que o resultado de um raciocínio é logicamente válido, em vez de dizer que é verdadeiro, porque a lógica dedutiva não tem necessariamente correlação com a realidade material.
[Uma] maneira de as premissas de um argumento constituírem boas razões a favor da sua conclusão é quando a conclusão se segue das premissas. Vamos chamar "válido" a qualquer argumento cuja conclusão se siga das suas premissas. Um teste inicial de validade é o seguinte. Perguntamos: será possível que as premissas sejam verdadeiras, mas a conclusão falsa? No caso do argumento "O Henrique é um dramaturgo e alguns dramaturgos são pobres. Logo, o Henrique é pobre" a resposta é "Sim". Mesmo que alguns dramaturgos sejam pobres, é possível que outros, talvez até a maioria, sejam ricos, e que o Henrique seja um destes outros. Em geral, um argumento é