lírico
A principal e mais importante característica do gênero lírico é a subjetividade. Através do poema, o autor revela suas profundas impressões ligadas ao “eu”, expondo emoções e sentimentos pelas expressões verbais rítmicas e melodiosas.
É interessante falar que o lírico é cultuado desde a antiguidade, representado pelo canto, forma pela qual as composições poéticas eram apresentadas, acompanhadas da lira – instrumento musical de cordas bem popular da época. A musicalidade, característica da subjetividade, era idealizada como fonte criativa e inspiradora de todo o sentimentalismo em ascendência.
Além da subjetividade, a poesia lírica conta com o “eu-lírico”, a voz que fala no poema e expõe todo o sentimento e o rio de emoções que se está sentindo no momento da escrita e da leitura. É perceptível a emoção e o lado afetivo do “eu”, o lado íntimo, que nos faz ter a aproximação sentimental – e não se consegue pensar em melhor palavra que esta – que nos envolve e nos faz sentir na pele, no coração e na mente tudo aquilo que o “eu” tenta nos passar de forma tão profunda.
Segue, portanto, um dos poemas mais lindos e mais famosos, que toca o coração e mexe com a emoção, fundindo-nos em um só e arrepiando os cabelos de nossas nucas:
Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se e contente;
É um cuidar que ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís Vaz de Camões
Podemos observar a musicalidade e a repetição presentes neste poema de forma pertinente. A repetição do verbo “ser” no presente do indicativo indica o que o “eu-lírico” estava sentindo – podemos pensar em