Lígia fagundes
V.4, n.1, jan.-jun. 2013
Revista do mestrado em Letras Linguagem, Discurso e Cultura – UNINCOR
ISSN 2317-6911
O GÊNERO TRÁGICO NA OBRA VENHA VER O PÔR DO SOL DE LYGIA
FAGUNDES TELLES
Job LOPES1
Resumo: O presente artigo propõe-se analisar a obra Venha ver o pôr do sol, de Lygia
Fagundes Telles buscando compreender o gênero trágico que se desenvolve na narrativa a partir do convite do protagonista a sua ex-namorada. A tragédia é analisada como algo indefinível, surpreendente e como aquilo que nunca deveria acontecer nas palavras de Neves
(2006). O trágico insere-se como mutável através do tempo: em termos literários acompanhando as mudanças da tragédia – aquilo que realmente se transforma. Assim, se coloca uma máscara para ocultar uma face horrível. A obra é construída a partir do amor não correspondido de Ricardo por Raquel o que leva o estudante a planejar a morte de sua amada que só é descoberto nos momentos finais do conto, quando Raquel é trancada em uma catacumba. O narrador apresenta indícios de que há algo de sombrio presente na obra, mas ao mesmo tempo oculta e ameniza tais indícios para que o leitor não tenha conhecimento do desfecho. Trata-se de uma narrativa que possui duas histórias, uma romântica, que se desenvolve em primeiro plano, e uma trágica, que se manifesta implicitamente até o episódio final. Palavras-chave: Tragédia. Literatura. Lygia.
A tragédia em Venha ver o pôr do sol
O gênero trágico segue o desenvolvimento das cidades gregas até 404 a.e.c, quando sua produção cessa quase em plena ascensão, ou seja, a tragédia se desenvolve no quadro do nascimento do pensamento clássico, isto é, em plena mudança política, social, econômica e religiosa que segue a transição da Grécia arcaica para a clássica.
Mas esse seria seu contexto político, relacionado ao surgimento da polis clássica no século V, e a considerar apenas essa explicação poderia privar a tragédia de todo seu caráter
religioso,