Lya luft
Lya Luft Um palco para os mitos
Alguém me chama, bem atrás na plateia: um aceno, uma voz sumida parece dizer meu nome. (É alguém de óculos, pois as lentes refletem a luz do teto.) Posso responder, devo acenar de volta? Atrás de mim alguém veste os bonecos da vida e as estátuas da morte. Euforia e medo, é com eles que vou contracenar (ou é comigo mesmo?). Por cima do nariz de palhaço ajeito os meus óculos para ver melhor. “Viver é subir uma escada rolante pelo lado que desce”, disse alguém. Nunca esqueci: é sobre esse esforço de viver que eu escrevo há tantos anos. Humanos, portanto ambíguos, a imagem nos serve bem: para cima nos atraem novidades sempre