Lusiadas

FICHA DE SISTEMATIZAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO D’OS LUSÍADAS

“[…] Como clássico, o poeta do Renascimento admira, acima de tudo, os modelos das literaturas grega e latina antigas, procura imitá-los e, se possível, ultrapassá-los[…]
A epopeia – o mais elevado género cultivado pelos antigos – constitui a aspiração máxima do poeta clássico: através da imitação daquilo que a Antiguidade criou de mais sublime, ele poderá pôr à prova a capacidade de competir com aqueles que mais admira. Esta aspiração de carácter literário vem ao encontro, na cultura portuguesa do séc. XVI, da consciência de terem sido levados a cabo na nossa história recente feitos grandiosos, não menos dignos de glória do que as proezas dos heróis da Ilíada, da Odisseia ou da Eneida: as descobertas e as conquistas ultramarinas […] Desde a abertura do poema, com a proposição, a invocação às musas e a dedicatória ao rei; atéao começo da narrativa no meio da acção(in media res) e não no início da mesma; passando pela obrigatoriedade do uso da mitologia; pelo recurso às profecias anunciadoras do futuro; por uma certa variedade estilística que determina que o tom épico seja uma vez ou outra temperado com episódios líricos ou bucólicos; e até pelo objectivo pedagógico da obra — tudo isto depende do principal modelo seguido, a Eneida, de Virgílio, e da teorização feita pelo renascentista Marco Girolamo Vida, na sua Poética (baseada na anterior Poética de Aristóteles).
Em particular o género Epopeia – segundo o modelo clássico – impõe um tom grandioso, solene, eloquente, que o poeta pede às musas […]
Trata-se também de um estilo culto, erudito, vasado numa língua que se engalana com latinismos, em termos raros, onde abundam perífrases mitológicas […]
O objectivo do poema é menos contar uma história do que ensinar um povo: mostrar-lhe em que consiste o heroísmo e o que deve ser um homem. Como humanista, compete-lhe ainda fazer justiça (emendando a tão falível justiça dos grandes): premiar, dar fama,