Luneta astronomica
Sobre o livro: O Mestre Ignorante de Jacques Rancière
SOUZA, Rosane Lourdes - Unibero
Desde sua publicação no Brasil (em 2002) este livro tem sido alvo de exaustivas análises e discussões por parte dos pedagogos, estudantes e escolas formadoras de docentes. Jacques Ranciere relata as aventuras intelectuais do professor Joseph Jacotot, que devido à política dominante da época, foi obrigado a ensinar alunos que falavam uma língua que ele não sabia. Usando um intérprete, Jacotot instruiu os alunos a ler uma edição bilíngüe de um livro e, em seguida, através de sua leitura, ele os orientou a escrever e pensar no idioma francês. Espantado com os resultados, Jacotot observou e iniciou sua análise considerando que todos os homens têm igualdade de inteligência, cada homem tem em si a capacidade de instruir-se e que tudo está em tudo. A partir daí uma guerra estava travada contra os velhos mestres, pois toda a sua aventura foi em particular, atacar a idéia da explicação não ser mais necessária ao aprendizado. Jacotot questionou: porque uma mente precisa receber explicações de um texto, de outra mente?
É surpreendente como o professor Jacotot, nas primeiras páginas do livro, gera um ataque devastador sobre um recurso clássico e fundamental de toda a educação: a explicação do mestre. De repente, vemos que essa explicação passa a ser a razão de existir para os professores, abnegadamente, estes tentam levar seus alunos ao conhecimento e à cultura, suas explicações vão se tornando uma arma sutil de imposição e dominação, ou seja, aquele que tem o conhecimento domina o que não tem. Sendo assim em uma série de circunstâncias específicas de sua experiência particular de ensino, Jacotot fez entender que a explicação, ao contrário do que declarou a pedagogia -- e ele próprio pensava até então - não era o veículo glorioso e essencial do ensino, mas sim que era