Luiz Bezerra
O REPENSAR DA PRÁTICA COTIANA
Prof. Dr. Luiz Bezerra Neto
UFSCAR
Profª. Dra Maria Cristina dos Santos Bezerra
Falar da educação do nosso tempo não é uma tarefa das mais fáceis, porque ela está envolta em uma complexa teia de significados e contradições que por vezes torna difícil a sua compreensão, principalmente por que na sociedade capitalista, de classes, o educador deve se posicionar em relação ao funcionamento desta sociedade e sobre a “função” que desempenha nessa estrutura. Do ponto de vista teórico e prático, deve optar entre oferecer esperanças aos alunos, possibilitando a eles acesso aos conhecimentos produzidos pela humanidade ou deixá-los na ignorância e excluídos do processo cultural, social, político etc. Assim, a opção é pensar a escola atual e principalmente a escola pública popular, a escola que atende os setores populares, levando em conta que a escolarização formal possui algum valor objetivo para os setores populares, no contexto político e econômico como o que vivemos.
A escola pública recebe a maior parcela dos filhos das classes populares, especialmente em seus graus e séries iniciais em que a representatividade dessas classes é enorme exatamente por ser gratuita e mantida pelo poder público. Essa instituição, como a sociedade que a inclui, não é algo já dado e acabado e sim o produto de relações sociais, produto da prática social de grupos e de classes.
Embora ela tenha nascido sob a égide da igualdade, a escola opera a seletividade e a exclusão construindo o fracasso da criança pobre, e nesse processo entram em jogo dois elementos indissociáveis. Um deles é a incompetência técnica, o não saber ensinar, a falta de domínio do conteúdo do currículo e do manejo da situação de ensino.
O outro organicamente articulado a esta incompetência, é uma representação falsa - isto é, ideológica das camadas populares e de suas crianças. Esta ideologia serve como álibi poderoso para descomprometer a escola com