Lugares de Aqui - A taberna: Lugar e Revelador da Aldeia: Joaquim Pais de Brito
A taberna: Lugar e Revelador da Aldeia
Joaquim Pais de Brito
Resumo:
A taberna/mercearia da aldeia tem vindo a ser estudada pela literatura antropológica. Uma questão levantada prende-se com a provável relação entre o nº de comerciantes e a população local. O autor aponta para o facto de que "quanto mais pobre é a comunidade mais o comércio local aparece como escoadouro dos excedentes camponeses ", o que lhe permite referenciar formas de pagamento em géneros ao comerciante.
Quando se utiliza a expressão taberna é já com o sentido de pequeno comércio, onde para além de vinhos e outras bebidas, existem para venda produtos de mercearia, drogaria, vestuário, e outras. Com a escolha da taberna o objetivo é mostrar como nela se espelham e revelam estruturas e forma de organização local, homogeneidades e diferenciações ou desigualdades entre os habitantes que dela são clientes e se exprimem dimensões de temporalidade da aldeia no que esta tem de universo autocentrado e na diversidade das suas ligações com o exterior.
Os dados observados resultam de informação recolhida ao longo de sucessivas estadias em trabalho de campo e dos livros de registos de gastos, débitos e pagamentos da taberna.
Rio de Onor situa-se a 28km a nordeste de Bragança. A aldeia é semelhante ás demais aldeias da região. No cerne da organização local encontra-se o conselho ou assembleia aldeã, instituição que delibera sobre os assuntos de interesse comum e executa como coletivo e equipa de trabalho atividades no decurso do ano, os mordomos.
A situação fronteiriça de Rio de Onor tem como particularidade acrescida o facto da sua localização contígua à aldeia espanhola de Rihonor de Castilla, com o mesmo tipo de estruturação. As unidades constitutivas de ambas as aldeias são as casas ou vizinhos que integram o todo que é o conselho ou povo.
No começo dos anos 50 a produção dirige-se fundamentalmente para o autoconsumo. O comércio local é frágil e