Loïc Wacquant – Os condenados da cidade
Loïc Wacquant analisa os extratos marginalizados da sociedade americana e francesa, inicialmente vistos como classes perigosas, e atribui aos estigmas dos mecanismos sociais os problemas urbanos dessa população. Ele acredita no urbanismo como importante ferramenta de regulação social, e atribui a interligação da desigualdade urbana e marginalização socioeconômica a disseminação de ideologias xenofóbicas – imigrantes vistos como trabalhadores temporários assentados permanentemente, mantendo um desemprego persistente.
A velocidade do desenvolvimento industrial, as mudanças de demanda de mercado influem no desterro contínuo de populações marginalizadas, continuamente desqualificadas para a demanda trabalhista pós-fordista.
Relacionando como texto de Renato do Carmo – A produção das Mobilidades, que analisa a importância dos lugares físicos nas relações sociais é possível ver diversos pontos semelhantes de análise;
Nos guetos franceses, há a percepção da sociedade marginalizadora , a elite que vê o cidadão morador dessas áreas desprivilegiadas como criminoso, vândalo, desempregado, ou seja, como uma doença social.
É importante desminuciar as diferentes escalas dessa relação - social e física da cidade – e perder a visão dicotômica geral da análise socio-economica. Não se deve polarizar a dialética social – ricos e pobres, centro e periferia, etc – e sim perceber que ainda dentro do gueto marginalizado existem ainda maiores divisões sociais, perpetuadas pelos próprios moradores. Não somente sofrem preconceito externo – da sociedade elitizada – como preconceito interno, seja racial, étnico, como no cinturão negro americano ou de classe social como é mais comum nos guetos franceses. Há diferentes extratos na relação social dentro de grupos vistos de maneira abrangente e dualística pelas análises das ciências sociais.
É interessante também ressaltar como o lugar claramente marginalizado é degradado pelos próprios