Lokkk

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Noite Fechada

Lembras-te tu do sábado passado, Sei que em tudo atentavas, tudo vias!
Do passeio que demos, devagar, Eu por mim tinha pena dos marçanos,
Entre um saudoso gás amarelado Como ratos, nas gordas mercearias,
E as carícias leitosas do luar? Encafurnados por imensos anos!

Bem me lembro das altas ruazinhas, Tu sorrias de tudo: os carvoeiros,
Que ambos nós percorremos de mãos dadas: Que aparecem ao fundo dumas minas,
Às janelas palravam as vizinhas; E à crua luz os pálidos barbeiros
Tinham lívidas luzes as fachadas. Encafurnados por imensos anos!

Não me esqueço das cousas que disseste, Fins de semana! Que miséria em bando!
Ante um pesado tempo com recortes; O povo folga, estúpido e grisalho!
E os cemitérios ricos, e o cipreste E os artistas de ofício iam passando,
Que vive de gorduras e de mortes! Com as férias, ralados do trabalho.

Nós saíramos próximo ao sol-posto, O quadro interior, dum que à candeia,
Mas seguíamos cheios de demoras; Ensina a filha a ler, meteu-me dó!
Não me esqueceu ainda o meu desgosto Gosto mais do plebeu que cambaleia,
Nem o sino rachado que deu horas. Do bêbado feliz que fala só!

Tenho ainda gravado no sentido, De súbito, na volta de uma esquina,
Porque tu caminhavas com prazer, Sob um bico de gás que abria em leque,
Cara rapada, gordo e presumido, Vimos um militar, de barretina
O padre que parou para te ver. E galões marciais de pechisbeque,

Como uma mitra a cúpula da igreja E enquanto ela falava ao seu namoro,
Cobria parte do ventoso largo;

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