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Introdução *
Esta dissertação é o resultado de um estudo e, porque não dizer, da vivência com a pintura de Jackson Pollock. Minha primeira experiência com a obra ocorreu de maneira dispersa; sem muito alarde, preferia então outras pinturas de comunicação mais imediata. O que já despertava a minha atenção, entretanto, eram aquelas linhas agitadas, enérgicas pulsando em todas as direções: um convite à vertigem dos sentidos. Hoje entendo como parte necessária de meu processo de aprendizado do universo convulsivo e delicado de Pollock aquela primeira recusa
- reação compreensível ao imponderável desconhecido.
Desde meados dos anos 50, o pintor norte-americano Jackson Pollock era
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0812287/CA
reconhecido como um dos maiores artistas do século XX. Não se tratava portanto, é claro, de duvidar da potência de seu trabalho. A sua obra já havia sido revirada ao avesso por críticos e historiadores eminentes. Aparentemente, pouco restava para acrescentarmos ao debate, mesmo partindo da atualidade da obra. Pareceume então mais sensato e produtivo, dentro das minhas forças, acompanhar o desenvolvimento de sua pintura pari passu, desde os primeiros trabalhos, bastante influenciados pelo regionalismo que vigorava nos Estados Unidos na década de
30, até as Black Paintings, último grito de originalidade do artista. Dessa maneira, desvelaríamos a formação artística de Pollock, muitas vezes silenciada, e ao mesmo tempo, construiríamos a base para um entendimento pessoal de sua poética. Tomei como ponto de partida a minha intuição, sugerida pela movimentação presente em Going West, um dos primeiros trabalhos, ainda na década de 30, e na tela One, a grande obra-prima de Pollock realizada 15 anos depois, de que a obra do artista seria um continuum coerente em busca de vida e ritmo na pintura. A agitação das linhas em Pollock sempre me surpreendeu pela potência arrasadora de vitalidade e também, paradoxalmente, pelo encontro