Livros
(HOMEM)
— Viverás, e para sempre, na terra que aqui aforas: e terás enfim tua roça. (MULHER1)
— Aí ficarás para sempre, livre do sol e da chuva, criando tuas saúvas. (HOMEM)
— Agora trabalharás só para ti, não a meias, como antes em terra alheia.
(MULHER2)
— Trabalharás uma terra da qual, além de senhor, serás homem de eito e trator.
(HOMEM)
— Trabalhando nessa terra, tu sozinho tudo empreitas: serás semente, adubo, colheita.
(MULHER1)
— Trabalharás numa terra que também te abriga e te veste: embora com o brim do Nordeste.
(HOMEM)
— Será de terra tua derradeira camisa: te veste, como nunca em vida.
(MULHER2)
— Será de terra e tua melhor camisa: te veste e ninguém cobiça.
(HOMEM)
— Terás de terra completo agora o teu fato: e pela primeira vez, sapato.
(MULHER1)
— Como és homem, a terra te dará chapéu: fosses mulher, xale ou véu.
(HOMEM)
— Tua roupa melhor será de terra e não de fazenda: não se rasga nem se remenda.
(MULHER2)
— Tua roupa melhor e te ficará bem cingida: como roupa feita à medida.
(HOMEM)— Esse chão te é bem conhecido
(MULHERES)(bebeu teu suor vendido).
(HOMEM)— Esse chão te é bem conhecido
(MULHERES)(bebeu o moço antigo).
(HOMEM)— Desse chão és bem conhecido
(MULHERES)(através de parentes e amigos).
(HOMEM)— Desse chão és bem conhecido
(MULHERES)(vive com tua mulher, teus filhos).
(HOMEM)— Desse chão és bem conhecido
(MULHERES)(te espera de recém-nascido).
(MULHER1) — Não tens mais força contigo: deixa-te semear ao comprido.
(MULHER2) — Não levas semente na mão: és agora o próprio grão. (MULHER1) — Não tens mais força na perna: deixa-te semear na coveta. (MULHER2) — Não tens mais força na mão: deixa-te semear no leirão. (HOMEM) — De tanto te despiu a privação que fugiu de teu peito a viração. (TODOS) — Tanta coisa despiste