livros faculdade
A obra Últimos Sonetos, de Cruz e Sousa, publicados postumamente em 1905, graças ao esforço do amigo Nestor Victor, traduzem a máxima depuração estética atingida pelo poeta e o apaziguamento interior. Em Broquéis (1893), livro que deu início concreto ao simbolismo no Brasil, o poeta não realizou totalmente seu ideal estético devido aos laços com o formalismo parnasiano. Na segunda fase, representada por Faróis(1900), abandonou o esteticismo para cultivar um confissionismo revoltado. Somente na fase final, fixada emÚltimos sonetos, realizou o ideal simbolista de exploração do poder pleno da palavra.
Sua ânsia de infinito e verdade e seu agudo senso estético levam-no a uma poesia original e profunda. Foi também um dos primeiros que se dedicaram na literatura brasileira à prosa poética.
Nestes últimos sonetos podemos ler uma ansiedade do poeta diante do descaso para com sua obra artística. Vários poemas tematizam o desejo de reconhecimento artístico, de perfeição, de grandeza; podemos perceber que o poeta parecia ter consciência da proximidade da morte e desesperava-se diante do fato de não palmilhar o "Caminho da glória". O livro parece fundir fatos autobiográficos no desenvolvimento de uma teoria-poética sobre o artista: Diante do impasse de reconher-se inteligente e criativo e não ter sua obra legitimada pelos grupos de escritores da época, o poeta desabafa nos sonetos a angústia, e principalmente o forte deseje de fazer parte da plêiade de poetas e escritores do então centro político e cultural do Brasil, o Rio de Janeiro.
Para ele o "Grande momento" era aquele da consagração do artista, quando reconhecido é recebido pelos já iniciados, assim sonha: "Inicia-te, enfim, Alma imprevista,/ Entra no seio dos Iniciados,/ Esperam-te de luz maravilhados/ os dons que vão te consagrar Artista". Sousa não teve a oportunidade de presenciar nem a consagração de sua maestria poética nem a publicação em livro destes versos.
Em outro