LIVRO O NOME DA ROSA
30/31:95-105, 1986/1987.
A TRADUÇÃO BRASILEIRA DE O NOME DA ROSA,
DE UMBERTO ECO *
Enio Aloisio FONDA **
RESUMO: O presente trabalho, que é uma crítica à tradução brasileira da obra em epígrafe, propõe-se enfatizar a responsabilidade do tradutor, bem como a necessidade do domínio não apenas das línguas com as quais se trabalha, como também da formação específica no campo do assunto versado na obra a traduzir.
UNITERMOS:
Tradução; crítica; literatura.
Sem dúvida, não é tarefa fácil traduzir um livro como este: volumoso e alentado volume de 562 páginas, referto de longas dissertações sobre temas especializados, de assuntos complicados e onde, a par de arcaísmos intencionais, o
Autor manobra seu discurso através de um vocabulário riquíssimo e adrede aplicado, como a caracterizar um estilo que condiga à gravidade daqueles imaginários sete dias de fins de novembro de 1327, durante os quais se desenvolvem os fatos narrados por Umberto Eco.
Foi Haroldo de Campos que sugeriu à Editora Nova Fronteira o nome de
Aurora Fornoni Bernardini, Professora de Língua e Literatura Russa na Universidade de São Paulo, para cuidar da tradução desta obra para o português, e esta, por sua vez, convidou a Homero Freitas de Andrade para, juntos, levarem a tradução a seu termo.
A tradução levou menos de um ano, como no-lo afirma Aurora Fornoni
Bernardini em artigo publicado no Jornal da Tarde, de São Paulo, a 12 de dezembro de 1983.
* Umberto Eco. O nome da rosa. Tradução de Aurora Fornoni Bernardini e H o m e r o
Freitas de Andrade. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1983. 562 pp.
** Departamento de Lingüística — Instituto de Letras, História e Psicologia — U N E S P —
19800 — Assis — SP.
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O tom do italiano, como escreveu Eco aos tradutores, é levemente arcaico, conforme condiz a um noviço da Idade Média como Adso de Melk.
Os tradutores brasileiros afirmam, no referido artigo, que procuraram manter o tom arcaizante do original e a utilização de "falas" diferentes