LIVRO DE AMÓS
INTRODUÇÃO
Grande parte da pesquisa do livro de Amós tem constatado que a literatura do profeta surge como um protesto contra a opressão e a injustiça social vigentes no antigo Israel, em meados do século VIII a.C. Para entender a mensagem do livro, é preciso considerar a situação humilhante dos pobres daquele cenário. Amós fala em nome do Senhor, como um leão que ruge contra a injustiça social (1.2). Assim, o presente artigo propõe-se a analisar introdutoriamente a literatura de Amós, a partir da perspectiva da realidade social do profeta.
Focalizando as contradições sociais do antigo Israel no século VIII a.C., este artigo analisará algumas propostas hermenêuticas para o livro de Amós, indicando também algumas implicações para a Igreja atual. A motivação deste artigo é a análise do livro de Amós para redirecionar o debate da missão da Igreja junto aos empobrecidos e injustiçados de nossa sociedade. Para isso, darei três passos. Num primeiro, pretendo analisar quem foi o profeta Amós. Num segundo, investigarei seu contexto histórico. E, por fim, pretendo mostrar ao leitor o processo de composição do texto de Amós, focalizando a literatura do profeta como um protesto social.
1. BIOGRAFIA DO AUTOR
Amós 1:1 identifica o autor desse livro como sendo o profeta Amós.
Amós é o contemporâneo mais velho de Miquéias e Oséias e foi o primeiro dos profetas escritores. Seu nome significa “aquele que leva cargas pesadas”. Amós era criador de gado e produtor de figos numa vila ao sul de Jerusalém chamada Tecoa, situada nas colinas de Judá a cerca de 16km ao Sul de Jerusalém. Amós era um pastor em um tempo em que os pastores eram considerados inferiores; ele era um “colhedor de sicômoros” (Amós 7:14). Ele vivia na extremidade do deserto, onde os habitantes não tinham acesso ao leite e mel da terra mais ao norte. Os chamados “figos” da árvore de sicômoro eram usados pelos mais pobres para sustentar a