Lithothamnium Revista FAPESP
Fertilizante marinho Uso de algas calcárias como adubo em lavouras de cana pode elevar a produtividade em até 50%
Yuri Vasconcelos
P
ode estar no fundo do mar a solução para o Brasil elevar em até 50% sua produção de açúcar e etanol sem que seja necessário plantar nem um metro quadrado a mais de cana-de-açúcar. O montante que o país deve produzir este ano é de 37 milhões de toneladas de açúcar e 23,6 bilhões de litros de etanol. Estudos realizados pela Universidade Federal de Lavras (Ufla), no interior de Minas Gerais, em parceria com a empresa TWB
Mineração, com sede no Guarujá, no litoral paulista, revelaram que o uso de biofertilizante a partir de algas marinhas calcárias, chamado granulado bioclástico, é capaz de gerar um significativo ganho de produtividade nos canaviais por elevar o teor de açúcar – ou sacarose – presente na planta.
Os pesquisadores descobriram que, ao ser aplicado na lavoura como adubo misturado à vinhaça, um resíduo da produção sucroalcooleira já empregado como fertilizante por várias usinas do país, o granulado bioclástico possui um efeito remineralizador e condicionador do solo e agrega mais de 40 nutrientes importantes para o desenvolvimento da cana, entre eles cálcio, silício e magnésio. “Essa nova fonte de nutrientes para a agricultura tem um papel importante na correção da acidez do solo.
Ela retifica o pH dos solos ácidos, melhorando a assimilação dos elementos nutritivos”, afirma o engenheiro agrônomo Paulo César Melo, professor da Ufla e um dos primeiros pesquisadores a analisar o uso do granulado na adubação de lavouras no Brasil.
“Ao mesmo tempo, o granulado elimina o característico odor fétido da vinhaça, ao absorver os gases voláteis exalados por ela.”
62 z julho DE 2012
ilustração drüm
agricultura
Os granulados bioclásticos são areias e cascalhos constituídos principalmente por algas marinhas da família Corallinaceae. Essas algas, cuja espécie