Desenvolvimento da obra Sérgio, com 11 anos de idade, chega ao colégio pelas mãos do pai que, lhe diz: “Vais encontrar o mundo (...). Coragem para a luta”. Quando o pai vai embora, deixando-o só, ele chora. Criança que, até então, viveu sob o doce aconchego do carinho familiar, Sérgio logo vivenciará o verdadeiro significado da premonição paterna, percebendo que por trás da nobre pedagogia, existia um mundo hostil, hipócrita e egoísta. O edifício do Ateneu era fechado e triste, apesar da natureza verde ao redor. Logo no início das aulas, o professor Mânlio recomenda Sérgio a Rebelo, o mais sério de seus alunos, que o adverte da necessidade de ser homem e forte ali, e, para tanto, Sérgio devia começar não admitindo protetores. Os meninos tímidos e ingênuos eram automaticamente colocados no grupo dos fracos, sendo então dominados, pervertidos como meninos ao desamparo, que precisava “protetores” – meninos fisicamente fortes que protegiam os mais fracos em troca, principalmente, de favores sexuais. Os colegas de classe, cerca de vinte tipos divertidos, são descritos como deprimentes. Franco, menino pobre, agressivo e problemático, era considerado por todos o bode expiatório, sendo por isso alvo de severas punições. Barbalho, de cara amarela, olhos vesgos, e gordura balofa, sentava-se no fundo, e, sempre que possível, com um riso cínico, fazia chacota de Sérgio que, um dia, não suportando mais, rolou com ele em uma briga feroz. Outra fonte de constrangimento explícito, no Ateneu, era a leitura das notas, todas as manhas, por Aristarco que, com violência, engrandecia os mais fortes e, sem piedade, desmoralizava os mais fracos. No quintal do Ateneu havia uma piscina, “vasta toalha d’água ao rés da terra”, escoando para o Rio Comprido. Ali, no calor, em meio uma grande algazarra e alegria, os meninos se banhavam. Um dia, alguém, talvez o próprio Sanches, para de aproximar de Sérgio, puxa-o, maldosamente pelas pernas, fazendo-o afundar e se afogar. Sanches o