Literatura
Com base no dualismo de Platão (esteticismo/eticismo), Horácio pregava que a arte tinha duas finalidades: agradar e educar. “Não basta que os poemas sejam belos, é preciso que sejam doces”, afirma ele. Para o esteticismo a função da arte é ser arte; para o eticismo a função da arte é ser útil. Nesse ponto, dissocia-se do pensamento de Aristóteles. O autor da outra Poética valoriza a arte como imitação e aceita que o feio na natureza pode agradar na arte, como por exemplo um cadáver bem pintado. Na poética de Horácio, há um permanente paralelo entre a pintura e a literatura, e ele inclusive admite que pintores e poetas têm o poder de ousar, mas a razão deve dominar a fantasia e o sentimento. O artista que pretende variar com prodígios um tema uno, termina por pintar delfins nas selvas e javalis nas ondas. Um poema concebido sem critérios estéticos, onde apenas o engenho participe e não a arte, pode assemelhar-se ao quadro de um pintor que quisesse ligar a uma cabeça humana um pescoço de cavalo, resultando no ridículo quadro da mulher-cavalo-ave-peixe, o que nos faz deduzir que o Surrealismo seria a estética inversamente proporcional ao classicismo de Horácio. Mais ainda: Seria sua inimiga mortal. Não que condenasse o fantástico, onde se misturam coisas falsas e coisas verdadeiras, mas a falta de coerência.
As Musas
As musas, seres transcendentes no imaginário grego, seriam as nove filhas do amor entre Zeus, o deus do Olimpo, e Mnemosýne (Memória). O mito está associado ao deus da música, Apolo, em torno de quem dançam e cantam as divindades responsáveis pela origem do mundo e da literatura.
Arte Poética de Horácio
Horácio tinha a preocupação de, por um lado não deixar desaparecer a tradição grega e, por outro controlar o fenómeno literário. É eleito como sendo um herdeiro da tradição grega, fala como poeta e dá conselhos a quem tem a pretensão de escrever,